Mitologia
Filho de Nanã – que abandou por ser doente –
foi criado por Iemanjá. É o irmão mais velho de Ossãe, Oxumarê e Ewá; Orixá
fundamentalmente Jeje, mas louvado em todas as nações, por sua importância.
Conta-se que, uma vez esquecido por Nanã, fora criado
por Iemanjá, que curou das moléstias. Cresceu forte, desenvolveu a arte da
caça, tornando-se guerreiro e viajante.
Certo dia, numa de suas jornadas, chegou até uma
aldeia, coberto de palha, como sempre viveu. Como todos conheciam sua fama,
suas ligações com as moléstias contagiosas, foram barradas antes mesmo de
penetrar na aldeia.
-Não o queremos aqui! - disse o
dirigente da tribo.
- Mas quero apenas água e um pouco de comida, para
prosseguir minha viagem. Apenas isso! – respondeu Obaluaê, ou melhor, dizendo
Xapanã, nome pelo qual era chamado.
- Vá-se embora, Xapanã! Não precisamos de doença,
nem de mazelas em nossa aldeia. Vá procurar água e comida em outro lugar!
E Xapanã, então foi sentar-se no alto do morro
próximo. A manhã mal começara e ele ficou, sentado, envolto em palha da costa,
observando a subida do sol.
O tempo foi passando, as horas foram-se passando e,
ao meio-dia, exatamente, o Sol já escaldante, tornou-se insuportável. A água
ficara quente, o alimento se estragava e toda a tribo se contorcia de dor,
aflição e agonia. Xapanã a tudo observava, imóvel, como um totem, como um
símbolo de palha.
Na aldeia um alvoroço se fez. Uns tinham dores na
barriga, outros tinham forte dores de cabeça. Outros, ainda, arrancavam sangue
da própria pele, numa coceira incontrolável. Outros agiam como loucos
incontrolados. Aos poucos, a morte foi chegando para alguns.
Xapanã apenas assistia...
Parecia que o tempo havia parado ao meio-dia, mas,
na verdade, foram três dias de sol quente, pois a noite não chegava. Era apenas
sol durante todo o tempo. E durante todo o tempo a aldeia viu-se às voltas com
doenças, loucura, sede, fome, morte!
Xapanã, inerte, via tudo, imóvel...
Não agüentando mais, e vendo que Xapanã continuava
do alto do pequeno morro observando, o dirigente de aldeia foi até ele suplicar
perdão, atirando-se aos seus pés.
- Em nome de Olorun, perdoe-nos! Já não suportamos
tanto sofrimento! Tente perdoar, por favor, Senhor Xapanã! Tente perdoar!
De súbito, Xapanã levantou-se, desceu até a aldeia
e pisou na terra. Tornou-a fria. Tocou na água, tornou-a também fria; tocou os
alimentos e tornou-os novamente comestível; tocou a cabeça de cada um dos
aldeões e curou-lhes a doença; tocou os mortos e fez voltar a vida em seus
corpos.
Restaurada a normalidade, Xapanã pediu mais uma
vez:
-Quero um pouco de água e alguma comida para
prosseguir viagem.
Num instante foi-lhe servido o que de melhor havia
em toda a aldeia. Deram-lhe, vinhos de palmeira, frutas, carne, legumes,
cereais, enfim, o que tinham de melhor.
Voltando-se para os aldeãos, Xapanã deu-lhes uma
lição de vida.
-Vivemos num só mundo. Sobre a mesma terra, debaixo
do mesmo sol. Somos todos irmãos e devemos ajudar uns aos outros, para que a
vida seja mantida. Dar água a quem tem sede, comida a quem tem fome é ajudar a
manter a vida.
Voltou-se e partiu. Atrás dele o povo da aldeia
gritava:
-Xapanã, Rei e Senhor da Terra! Xapanã,
Obaluaê! Xapanã, Obaluaê! Xapanã, Obaluaê!
Obaluaê que sua benção e proteção nos seja dada
sempre!.
Dados
Dia: segunda
feira
Data: 13 ou 16
de agosto;
Metal: chumbo;
Cor: preto e
branco e ou preto, branco e vermelho;
Partes do corpo: a pele e os pulmões;
Comida:
deburú (pipoca), abadô (amendoim pilado e torrado), Iatipá (folha de
mostarda) e ibêrem (bolo de milho envolvido na folha de bananeira);
Arquétipo: sóbrios,
reservados, generosidade destacada, geniosos, independentes, teimosos,
tendência ao masoquismo.
Símbolos: xaxará ou
íleo (com que limpa as doenças e os males espirituais)